Profissão: pedinte

“Pessoal, eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando, mas estou aqui pedindo a sua colaboração.”

Quantas vezes um ser humano escuta essa ma-ra-vi-lho-sa frase ao longo da vida? Poderia estar matando ou roubando por quê? Não há nenhuma brecha na lei que permita alguém a fazer nenhum dos dois. Pelo contrário, mendicância foi contravenção penal até julho de 2009, quando legalizou-se a balbúrdia e a baderna.

Papo de velho, mas antigamente era vergonha sair perambulando pelas ruas pedindo coisas para as pessoas. Gente jovem, saudável, forte e rosácea vira para qualquer um a qualquer hora “achando” que pode pedir coisas só porque as outras têm alguma coisa a mais. E o pior: TEM GENTE QUE DÁ, alimentando essa cadeia improdutiva e assustadora. Improdutiva porque obviamente não produz nada e assustadora porque quem dá é quem trabalha e quem recebe é quem coça. Assusta porque É O FIM DOS TEMPOS!!

Associa-se a este ridículo e obsceno fato o outro ma-ra-vi-lho-so costume de marmanjo barbado “encostar” no seu carro (o qual você paga IPVA e seguro privado) e diz que “tá vigiando, tia”. PQP!!! Que m... é essa? Cadê o Poder Público para coibir essa palhaçada? Gastando em viagens à Europa para trazer Copa do Mundo e Olimpíada para o país (que é o que realmente importa neste exato momento)? É antiga a definição de que onde o Estado se omite a Anarquia toma conta.

Levando-se em conta esta premissa de que alguém pode enfiar goela abaixo um “serviço” o qual você não solicitou, nem QUER, tive uma brilhante ideia (sem acento): vou sair pelas ruas jogando jornais em cima das pessoas e cobrando delas (pois hoje esta é minha profissão), queiram elas ou não. Oras, não sendo isso eu poderia estar “roubando ou matando”, então é bem melhor, não? E se as pessoas não me pagarem eu posso estragar alguma coisa delas. Pelo o que eu entendi até agora, a regra é essa.
Ironia à parte, a coisa é séria. Quando se tira das pessoas a crença e força de andar com as próprias pernas através de bolsa isso e bolsa aquilo, beneficências e doações a rodo, estamos fazendo o caminho inverso de todas as outras nações desenvolvidas e independentes. Estamos caminhando rumo ao comunismo antigo e ultrapassado onde o Estado “cuida” de seus cidadãos, e ao mesmo tempo determina o que, quando e onde os mesmos devem existir.