segunda-feira, 1 de março de 2010

Pais e o encontro com a maturidade

Sempre me intrigou essa coisa de como as pessoas se interlaçam, interligam e afeiçoam. Quem gosta de quem, porque, (até) quando, como. Na verdade, sempre me intrigou a relação que as pessoas têm umas com as outras, com as coisas, com o mundo. Ou a relação que não têm. Algumas pessoas podem fazer uma leitura de que este meu processo trata-se de julgamento, mas na verdade trata-se somente de organizar na cachola e processar informações. Talvez isto me ajude ou facilite a entender o ininteligível.
A maioria das relações é baseada em afinidades e escolhas. É um processo de decisão. Mesmos interesses musicais, filosóficos, emocionais ou simplesmente, moda. Mas, por incrível que pareça, a relação mais próxima e significante que podemos ter ao longo da vida é a que temos com nossos pais e esta não necessariamente escolhemos. Há a teoria espírita que versa que escolhemos, sim, esta parceria, mas não estou aqui para falar de crença, e sim de realidade. E até que eu cruze os portões do Paraíso (ou Inferno, talvez mais provável), falarei do que posso materializar.
Incrível como nos relacionamos de forma adaptável com nossos pais ao longo da vida. Primeiro é aquela dependência total e absoluta em busca da sobrevivência e subsistência. Depois, seguem aqueles momentos inesquecíveis e insuperáveis de quebra de contrato e total rejeição advindos da sábia adolescência (que na minha opinião é a comprovação da existência do Bicho Ruim, O Chifrudo). Naturalmente continuamos o ciclo com a busca de nossa identidade e estória pessoais e nos esquecemos levemente daqueles que estão ali nos acompanhando, mesmo que de longe, mas de camarote, atentos. É o processo espontâneo de estabelecimento de nós mesmos enquanto seres únicos e individuais, aptos e independentes. Então... chega o momento em que podemos dizer que estamos “ficando velhos”.
Costumo dizer que percebemos que estamos “maduros” quando começamos a perceber o mundo através dos olhos de quem nos iniciou na vida e realmente pensamos conosco “meu pai/minha mãe tinha razão” ou citamos em uma conversa informal “minha mãe/meu pai sempre disse que...”.
Esse é o momento também em que nos dirigimos a nossos pais (que, lembrem-se, sempre estiveram ali) em busca de conselho, conforto e carinho. Ali, naquele momento, em que percebemos nossa real conexão com o mundo e com a vida, que percebemos como chegamos onde chegamos (pois sem eles não teríamos nem iniciado a jornada), que temos uma origem e portanto, também um destino, é que nos tornamos passíveis e possíveis de sermos mais.
E penso “será isso tão ruim?”. Que nada!

Um comentário:

  1. Oi Valéria!

    Tudo certo? Você descreveu muito bem a evolução pela qual passamos até a maturidade. E, certamente, a relação mais enriquecedora que podemos ter ao longo da vida é a que temos com nossos pais. Isso ocorre, talvez, pelo "amor incondicional" dos pais pelos filhos, que, por vezes, nos deixa menos inseguros para errar, pois os filhos "sempre" têm o perdão dos seus pais.

    Adoro seus posts!

    Beijos!

    Ciro.

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