terça-feira, 25 de maio de 2010

Praticando o DESAPEGO

Olá a todos os pouco mas importantes visitantes deste humilde blog mau-humorado.

Dia desses estava eu caminhando pelas gôndolas de um imenso-mercado recém inaugurado em minha cidade. Daqueles que você compra as coisas de pacotão, com “preços diferenciados” e à vista. Andei, andei, olhei as coisas, os preços; os preços, as coisas. Fui, vim, voltei. De repente me ocorreu: aquele tanto de coisas se jogando aos meus olhos e... EU NÃO PRECISAVA DE NADA DAQUILO.

E olha que tentei, me esforcei para achar um bom negócio, uma boa compra e teve um momento que percebi que até estava forçando “um achado”. Mas a verdade é que havia uma infinidade de coisas e EU não tinha interesse por quase nada. Digo por quase nada porque acredito que se tivesse mais dinheiro, teria mais espaço e portanto mais coisas para consumir. Isso é 100% verdade, pois meus 61m² não comportam mais nada. E se tivesse mais dinheiro, não ficaria realmente considerando SE preciso ou não, SE posso pagar ou não. Simplesmente vou lá e passo o cartão.


Esta experiência do “super-mega-plus-mercado” me atiçou a curiosidade de saber quantas coisas eu já tenho dentro da minha casa que não precisariam estar lá e a conclusão me aterrorizou. Tenho uma pá de coisas em casa que não preciso. Até aí, nada de assustador. Mas o que me deixou de cabelo em pé é que, mesmo não precisando, mesmo sabendo disso, não me brota o sentimento de me livrar delas. É a comprovação da “necessidade criada”. Não que eu não vá sobreviver sem elas, mas também não quero me desfazer das mesmas. Estão lá, paradinhas no canto delas, tudo muito bom, tudo muito bem.


E “caiu a ficha” de que, por mais que tente me distanciar das atitudes mundanas que desprezo, também sou retrato da mesmice do sentimento de posse e de sempre se ter mais. Me conforto repetindo para mim mesma que, pelo menos, não me endivido para ter aquilo que me é superior ao meu status financeiro nem sofro por não tê-lo. Mas mesmo assim confesso que de quando em vez bate uma sensaçãozinha meio ruim, pois queria poder ser mais nobre e me apegar ao que carrego por dentro, não o que mostro por fora. Porque, afinal de contas, o de fora pode ser efêmero, irreal, pode acabar ou me ser tomado, mas o de dentro é o que me é de mais precioso e individual, só meu e todo meu, defeitos e qualidades, bom e ruim, certo e errado, mas MEU DE VERDADE! E ainda por cima todas as outras pessoas do mundo podem usufruir sem desgastar, diminuir ou estragar, pois além de tudo é eterno enquanto EU dure.

Quem sabe a vida (ou eu mesma), com o passar do tempo, me liberte inteligentemente das coisas materiais supérfluas e eu aprenda a conviver e sobreviver simplesmente com o essencial.

Um comentário:

  1. Como uma vez já disse o objetivo é que está errado. E isso já seria um começo: ser mais nobre e me apegar ao que carrego por dentro. Porêm "o inferno são os outros".

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