Juro, gente. Juro que gostaria de ser uma pessoa melhor. Até tentei por um tempo, mas é muito sacrifício para pouco benefício. E na verdade não sei se ser melhor é melhor para mim mesma.
O curioso é que nesta época do ano é um festival de gente tentando ser boa (ou mostrar pros outros que é). Parece um “descarrego”. Uma lavada da escadaria baiana da alma. Como se fosse tirar o atraso das sacanagens e omissões ao longo do ano. É gente pedindo doação, fazendo coleta de brinquedos, cestas de alimentos, sopão e várias outras coisas que as pessoas precisam o ano todo, não só no fim de ano.
Costumo dizer que a caridade é algo que a gente faz para a gente mesmo. Pelo êxtase do “nossa, como eu sou boa” ou “nossa, ele está pior que eu” ou “estou em uma posição em que sou quem ajuda e não quem é ajudado. Ufa!”. Pode parecer mesquinho e deve ser mesmo. Não me importo em ser mesquinha nesta época do ano. É até bom para abaixar a média de bondade fake ao meu redor e tornar o nível de bondade humana mais real.
É família que briga o ano inteiro se reunindo para comemorar o ano que passou como se nunca mais pudessem se encontrar. É gente se endividando até as tampas para comprar o que não pode ter, congestionando o trânsito, estacionando em cima das calçadas, empurrando e trombando nas pessoas. É gente enchendo o pandu como se fosse a última refeição e cometendo, sem pestanejar, o pecado da gula (um dos SETE, lembram?). É gente bebendo até cair e saindo a dirigir seus financiados por aí, colocando em risco a vida de inúmeras outras pessoas. É um balaio de gente QUE NÃO TEM A MÍNIMA LEMBRANÇA DO MOTIVO PRIMEIRO DE TODA ESTA MOBILIZAÇÃO.
É, na minha insignificante opinião, o caos total. O contra-senso do bom-senso. A falta de critério e escolha para se fazer coisas e escolhas. Somos importantes todos os dias. Devemos do the right thing todos os dias. Do acordar ao deitar. Não porque Deus vai punir se não fizermos. Não porque vamos ser presos e punidos pelas leis dos homens (e o termo é “dos homens”, porque se fosse “das mulheres” seria justa e funcionaria). Mas porque desta forma podemos ter pelo menos a esperança de criar a corrente de ações positivas, construtivas, solidárias que fariam real o mundo que tantos poetas, filósofos e sonhadores descrevem e anseiam.
Valéria, Valéria...vc tira cada filosofada dessa sua acidez q eu fico "de cara". Bom demais!Fim de ano sempre é assim esse espírito de gasta, gasta q domina o povo. Mas eu já pelo segundo ano consecutivo venho fazendo um programa com meus filhos, q eu acho 10. Programa super simples e de baixo custo, e por incrível q pareça (tenho certeza)eles amam mais do q qualquer presente. Como vc sabe na minha profissao, qdo chega o final do ano eu fico à ver moscas. Então eu institui para nós o "um dia de vagabundo" -parece estranho, mas não é. É um dia no meio de semana em q todos estão trabalhando e nós saímos por ai.Como eu ja estava atoa mesmo, combinamos d sair os três, sem destino, sem programa...e nós andamos por dai dando risada de tudo, eu contando as mesmas estórias ja repetidas,mas q eles adoram...Vmos à praças, lanchonetes, cinema, lojas, museus...enfim, vmos pra onde o nariz aponta! É um dia em q m coloco no mesmo patamar deles. Tento chegar o mais próximo de ser criança, claro q sempre no domínio da situação.Sempre tiramos muitas fotos engraçadas em poses tipo "nada a ver", e isso não tem preço. E quem nunca fez isso não tem idéia de como o resultado é mais positivo para a familia como um todo, do q dar presentes. É incrível mas o simples fato de eu estar com eles, pegar nas mãos dos dois e sair correndo pela rua, ou em uma praça faz com que eles se sintam a pessoa mais amada do mundo! Talvez eu nao vá ser entendido, e taxado bobo, irresponsável, moleque...mas o resultado é incrível, e a gente acaba criando um vinculo muito forte depois dessas "peraltices".A gente depois passa o ano todo comentando, lembrando e tentando imaginar como será no próximo ano. Esse ano quando estávamos indo embora pra casa meu filho disse: foi o melhor dia da minha vida! Momento MASTERCARD: isso não tem preço. E nem precisei m estressar escolhendo presentes, indo trocar presentes, gastando o q não tinha....nda disso!!! O passeio tem q fluir naturalmente, o q da vontade de fazer a gente decide na hora!
ResponderExcluirabraço!
Adorei o texto, é isso mesmo que acontece. Engraçado.. eu me sinto assim qd faço alguma coisa "boa", quando ajo de forma legal sabe, queria que fosse automático, mas sei que faço porque estou procurando uma forma de ser melhor. Ja procurei varias maneiras de mudar isso, e as diversas pessoas com quem conversei disseram que a melhor forma de fazer isso se tornar automático é praticando mesmo, uma dia faremos de coração. Acho que acontece o mesmo no Natal, fazemos porque é convenção. Mas se nem isso fizermos, não chegará o dia em que tudo será verdadeiro. É preciso que pelo menos nesse dia possamos sentir o que é o amor, e quem sabe assim extender isso para o ano inteiro. "natal nao é um momento nem uma data, mas um estado de espírito"
ResponderExcluirEita, Emerson. Presente melhor que "estar presente" não há, pois o amor é eterno e as lembranças e sentimentos levamos para qualquer lugar, em qualquer tempo. Espero que seus filhos repassem esta corrente de experiências únicas e verdadeiras ad infinitum... Sempre disse que as adversidades são altamente criativas - HAHAHA!
ResponderExcluirE A. C.: faça o que tiver que fazer, como e quando o coração mandar, sem se preocupar se é desse ou daquele jeito.
ResponderExcluirMas tenha em mente sempre uma coisa: faça aquilo que é certo na sua consciência; tenha sempre dentro de você o que é verdadeiramente bom para você e para os outros ao seu redor, mesmo que eventualmente erre aqui e ali...