Vamos lá, pessoal. Cair na vala dos comuns. Vamos falar sobre a tragédia do Haiti.
Na tentativa de ser menos óbvia e oportunista, tentarei trazer à reflexão não a tragédia em si, pois é fato e indiscutível. Com a Natureza não se mede forças, não se subestima nem se discute. Há anos Mamãe Natureza vem dizendo que não está satisfeita com as ações humanas, mas este caso do Haiti não entra no balaio de revanche. É uma tragédia pura como uma tragédia pode ser.
Não que haitianos precisassem de um fenômeno natural para se considerar em desgraça, pois sua história recente de país já fala por si só (http://pt.wikipedia.org/wiki/Haiti). Desmandos e abusos de uma ditadura (Ehê! Brasil Jr.), incidência de AIDS de proporção avassaladora, violência civil, miséria 24/7. Quem não se lembra, em 2004, da Seleção Brasileira de Futebol Masculino indo realizar uma partida beneficente e pacificadora em solo haitiano e que durante seu desfile pelas ruas da cidade Porto Príncipe em tanques de guerra eram quase que atacados pela população de tanta alegria? Naquela semana os confrontos de uma guerra civil foram temporariamente cessados (http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG66061-6009,00-A+DIPLOMACIA+DE+CHUTEIRAS.html).
O Haiti vive tragédia da hora que acorda à hora que dorme, há anos (teve até música de Caetano e Gil - e onde era o Haiti mesmo???). Mas a tragédia natural trouxe à tona um apanhadão de questões que o resto do mundo, de tempos em tempos, se esquece. É como a tragédia dos desabamentos no Rio de Janeiro. Parece Glade Sachê: depois de um mês, ninguém nem lembra mais do cheiro.
A imprensa, seja escrita, televisionada, radiodifundida ou internetizada trabalha a desgraça da moda. E fica mostrando imagem atrás de imagem, cada vez mais dilacerante pra fazer a audiência se rasgar em sangue de tanto chorar de pena, e que depois apaga a luz e dorme preocupado com o financiamento do novo Honda Civic que acabou de fazer.
Me poupem.
Sem contar que vem o Brasil, com problemas crassos e crônicos de infra-estrutura, saúde, educação, segurança pública, emprego, dentre outros de tão grande magnitude, MANDAR AJUDA HUMANITÁRIA. Ok, galera. Falando assim, pareço um monstro. Mas não faz sentido. De onde vêm estes recursos? Se não vai fazer falta, é porque estava sobrando. Se estava sobrando, não teríamos problemas. Deixem que Suíças, Alemanhas, Japões da vida mandem ajudas. Pra que o Brasil vai querer fazer graça? Pra não ficar mal na fita porque “é o país da hora” (tipo artista da Malhação que tem que estar em todos os programas de auditório)? Deixem as Madonnas, Angelinas Jolies, Vera Loyolas usarem a oportunidade de aparecer e fazerem bonito na telinha. Elas, pelo menos, não estão desvestindo um santo para vestir outro. Trabalharam para acumular fortunas e fazem com elas o que quiserem. E nem TÊM que fazer nada, não. Fazem porque querem.
Agora, pra arrematar, ficar vendo o “rola-doce” do Bill Clinton na BBC de Londres pedir contribuições a serem feitas através do site dele e falando “nós precisamos da sua ajuda”. “Nós” quem? O cara-de-pau falando que tem uma ligação especial com o Haiti, pois passou sua lua-de-mel com Hillary lá. Ah, vá te catar! Vocês imaginam como a Mônica Lewinski se sentiu nessa hora??? Tadinha!
Concluindo... Dna. Zilda Arns, pessoa séria e comprometida, não estava lá à toa. E, por mais curioso que possa parecer, as pessoas só souberam desta visita porque o mundo caiu. Se não, ela teria ido e voltado sem que ninguém soubesse.
Pensem nisso!
muito bom para a reflexão coletiva.
ResponderExcluirhá tempos um ex-ministro da cultura cantava que o "haiti é aqui" e. . . continua sendo, infelizmente.
Nossa, quanta honra ter um comentário seu postado em meu humilde blog. Fiquei silis :).
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