terça-feira, 3 de novembro de 2009

Funcionário do mês: que P... é essa?

Curiosa essa questão de “funcionário do mês”. A gente geralmente vê aquela foto daquelas pessoas com uniformes (desculpem) ridículos em subempregos de franquias de lojas de comida porcaria estado-unidense que pagam R$0,50 a hora e pensa: que honra! Ali, com o geralmente pálido e triste rosto estampado, o pobre coitado é imortalizado como herói da desigualdade social.

Quando eu vou ao McDonald’s (sim, eu eventualmente vou ao McDonald’s) eu não consigo evitar de botar reparo na feição dos atendentes. São eles geralmente sem-feição, com aquela figura sem personalidade repetindo frases mecânicas que terminam com “senhora” por horas a fio, dentro de uniformes que além de horríveis (gente, vamos dar um jeito nisso) têm os bolsos costurados para evitar furtos. Passam o dia todo vendendo promoções que, para a realidade da renda per capita nacional são artigos de luxo, para criancinhas de bochechas rosadas e muitas delas já acima do peso (o bonitinho para “gordo”). É como se elas fossem paisagem ou até mesmo, para exagerar, se transformando em coisas.

Certa vez estava no McDonald’s da Praça do Ratinho e tinha uma festa de criança no espaço reservado. Aquelas festas que servem sanduíche, refrigerante a rodo e tem um bolo bem bonito com a cara de algum personagem fantástico estampada. Em determinado momento era a hora de cantar parabéns. Até aí tudo normal. Comida porcaria pra criançada que adora, bolo, parabéns. A euforia era contagiante. Quando abro meu campo de visão e vejo o cenário completo, vejo a funcionária da lanchonete cantando parabéns junto com o coro. Olhar perdido, canto fraco, cabeça pendendo para o lado. Aí pensei: por que ela está cantando parabéns para uma criança que ela nem conhece? Porque estão pagando? Que triste! Pensei mais: será que um dia o filho dela vai estar lá comemorando seu aniversário no McDonald’s e a mãe daquela criança da festa em questão iria lá cantar parabéns para ele? Claro que não! Porque esta TEM DINHEIRO! Mas talvez, se essa mãe funcionária da lanchonete tiver um filho e comemorar o aniversário de forma simples, porém honesta no barracão lá no setor, a festinha estará repleta de amiguinhos também, mesmo que comendo bolo de fubá e bebendo Big Boy Cola. Porque criança normal não faz diferença nestas coisas. Na hora da folia, criança é criança.

Concluindo, galera: funcionário do mês uma ova! Tratem essas pessoas com mais respeito, isso sim. Paguem salários dignos, não os alimentem com sanduíches que passaram do prazo de consumo (sim, os sanduíches lá têm oito minutos para serem consumidos), dêem cargas horárias justas, forneçam uniformes mais “humanos”, e acima de tudo: TIREM AQUELAS FOTOS RIDÍCULAS DA PAREDE!!!

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