segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Ai, que saco!

Alguém me explica porque esta febre de bom-samanitarismo nesta época do ano? Não, gente, haja paciência e falta de inteligência!

É tipo assim: de uma hora pra outra as pessoas resolvem resolver as questões irresolvíveis da nação, do mundo, do sistema solar. É um quilo de alimento não perecível para isso, é uma caixinha para aquilo, doação de roupa (algumas furadas), brinquedos (alguns mais ou menos quebrados), sopão, mutirão de voluntários pra tudo que é causa. Crianças, idosos, PNEs de todas as categorias, órfãos, moradores de rua, etc, etc, etc. Lindo!

Não que não haja pessoas que mereçam a atenção e cuidado alheios (principalmente do Estado, que tem a função legal de assistir estas pessoas). Mas e depois? E a partir do dia 02 de janeiro de cada ano? Onde aquelas pessoas vão buscar (e conseguir) abrigo, amparo, solução real para seus problemas reais? Seu desemprego, sua saúde precária, sua alfabetização e liberdade de existência parcas, sua ausência de perspectiva, sua ignorância, a ignorância alheia para com suas necessidades humanas (que vão além de comer e dormir), a ruptura natural da família ou a inexistência original desta??? Posso passar horas exemplificando os fatores que fazem a caridade fashion desta época de final de ano totalmente nula, ineficiente e desnecessária. Mas este texto seria mais chato do que já é.

E outra coisa: vocês acham que fazer o bem ao próximo se limita a dar coisas mínimas em um determinado espaço de tempo mínimo? Caridade vai muito além da miséria material. A palavra caridade me parece mais próxima da palavra carinho do que da palavra dar. Porque dar um quilo ou uma tonelada de alguma coisa para quem nunca viu ou nunca mais vai ver, pra mim, é, no mínimo ridículo. Pois tem muita gente podre de rica por aí em seus castelos de cristal que precisa mais de caridade/carinho do que muitos dos miseráveis que dormem cagados nas esquinas por aí.

Obs.: para constar, não pratico nenhum tipo de caridade material.

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